Como Lidar com o Transtorno de Personalidade Limítrofe

Опубликовал Admin
O transtorno de personalidade limítrofe (TPL) é um tipo de distúrbio de personalidade definido pela quinta edição do Manual de Diagnóstico de Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-5) como um padrão de instabilidade nos relacionamentos pessoais e na autoimagem. As pessoas com TPL possuem dificuldade em identificar e regular as emoções. Assim como em outros transtornos, esse padrão comportamental causa sofrimentos e prejuízos sociais. Alguns sintomas devem estar presentes para que haja um diagnóstico e apenas um profissional de saúde mental treinado é capaz de fazê-lo. Pode ser difícil lidar com esse transtorno, tanto para a pessoa que sofre com ele quanto para os entes queridos dela. Caso você ou alguém próximo sofra do transtorno de personalidade limítrofe, existem alguns modos de aprender a lidar com ele.

Buscando ajuda para a TPL

  1. Procure um terapeuta. A terapia é a primeira opção de tratamento para a maioria das pessoas que sofre de TPL. Apesar de existirem diversos tipos de terapia que podem ser utilizados para isso, a que aparenta a maior taxa de sucesso é a Terapia Comportamental Dialética (TCD). Esse método se baseia, em partes, nos princípios da Terapia Comportamental Cognitiva (TCC) e foi desenvolvido pela doutora Marsha Linehan.
    • A terapia comportamental dialética é um método de treinamento desenvolvido especificamente para pessoas com TPL e que possui uma taxa de sucesso consistente de acordo com estudos. Esse método se foca em ensinar a pessoa a controlar suas emoções, a desenvolver uma tolerância à frustração, a aprender habilidades de atenção, a identificar as emoções e a fortalecer as habilidades psicossociais para ajudá-la a interagir com os outros.
    • Outro tratamento comum é a terapia focada em esquemas. Esse tipo de tratamento combina as técnicas da TCC com outras abordagens terapêuticas e seu foco é ajudar a pessoa a reestruturar suas percepções e experiências para construir uma autoimagem estável.
    • A terapia normalmente é conduzida em ambientes isolados e em grupo. Essa combinação normalmente obtém ótimos resultados.
  2. Preste atenção em seus sentimentos. Um dos problemas comuns enfrentados pelas pessoas que sofrem de TPL é a incapacidade de reconhecer e identificar as próprias emoções. Vá devagar ao passar por uma experiência emocional e analise bem aquilo pelo qual está passando para aprender a controlar melhor suas emoções.
    • Tente "verificar" sua situação diversas vezes ao dia. Por exemplo, faça uma pausa no trabalho para fechar os olhos e analisar seu estado físico e emocional. Veja se você está tenso ou dolorido e analise se está remoendo algum pensamento ou sentimento em particular há algum tempo. Fazer isso pode ajudá-lo a reconhecer suas emoções e a controlá-las melhor.
    • Tente ser o mais específico possível. Por exemplo, em vez de pensar "Estou tão nervoso que não vou aguentar!", tente descobrir de onde essa emoção está vindo: "Estou me sentindo nervoso pois cheguei atrasado por ter ficado preso no trânsito".
    • Tente não julgar as emoções ao pensar nelas. Por exemplo, evite dizer algo como "Estou nervoso agora e sou uma péssima pessoa por isso". Em vez disso, foque-se apenas em identificar o sentimento sem julgamento, como ao dizer "Estou nervoso por estar magoado pelo atraso de meu amigo".
  3. Distinga entre emoções primárias e secundárias. Aprender a descobrir todos os sentimentos que experimenta em determinada situação é um passo importante para o aprendizado do controle emocional. É comum que as pessoas com TPL se sintam sobrecarregadas por um turbilhão de emoções, então tire um momento para separar os sentimentos que vêm primeiro e os que vêm na sequência.
    • Por exemplo, caso um amigo tenha esquecido o almoço de vocês, sua reação imediata pode ser a raiva. Essa seria a emoção primária.
    • Essa raiva também pode ser acompanhada por outros sentimentos, como a mágoa por ter sido esquecido, por exemplo. Você pode acreditar que esse é um sinal de que seu amigo não se importa com você ou sentir vergonha ao pensar que não merece ser lembrado. Essas são emoções secundárias.
    • Analisar a fonte das emoções pode ajudá-lo a controlá-las.
  4. Fale consigo mesmo de modo positivo. Um modo de aprender a lidar com as reações de modo saudável é desafiá-las com conversas internas positivas. Pode demorar um pouco para que você considere isso confortável ou natural, mas essa técnica é útil. Pesquisas demonstram que conversas internas podem ajudá-lo a se concentrar mais e diminuir os níveis de ansiedade.
    • Lembre-se de que você merece amor e respeito. Transforme essa situação em um jogo para encontrar coisas que admira em si mesmo, como competência, gentileza, imaginação. Lembre-se dessas coisas positivas quando estiver pensando em si mesmo de modo negativo.
    • Tente lembrar-se de que as situações desagradáveis são temporárias, limitadas e ocorrem com todo mundo. Por exemplo, caso o treinador o tenha criticado durante o treino de tênis, lembre-se de que a crítica foi feita apenas para esse treino. Em vez de remoer o que aconteceu, foque-se no que pode melhorar no futuro. Isso o dará uma sensação de controle sobre suas ações, evitando sentimentos de vitimização.
    • Reformule os pensamentos negativos em termos positivos. Por exemplo, caso tenha ido mal em uma prova, seu primeiro pensamento pode ser "Eu sou um perdedor imprestável e vou reprovar no curso". Esse tipo de julgamento não o ajudará em nada e não é justo. Em vez disso, analise o que pode aprender com a experiência: "Não fui tão bem quanto esperava, mas posso falar com o professor para analisar meus pontos fracos e estudar melhor para a próxima prova".
  5. Pare e pense antes de reagir. Uma pessoa com TPL normalmente reage naturalmente com raiva e desespero. Por exemplo, caso um amigo tenha feito algo que o magoou, seu primeiro instinto pode ser gritar com ele ou ameaçá-lo. Em vez disso, pare e tente identificar o que está sentindo. Em seguida, tente transmitir seus sentimentos a outra pessoa de modo não ameaçador.
    • Por exemplo, caso um amigo tenha se atrasado para o almoço, sua reação imediata pode ser a raiva. Você pode querer gritar e perguntar o porquê da pessoa ter sido desrespeitosa.
    • Analise suas emoções. O que está sentindo? Quais as emoções primárias e secundárias? Por exemplo, você pode sentir-se nervoso, mas também pode sentir-se com medo por achar que a pessoa se atrasou por não se importar com você.
    • De modo calmo, pergunte o porquê do atraso sem julgar ou ameaçar a pessoa. Utilize frases na primeira pessoa, como por exemplo: "Estou magoado por conta de seu atraso. O que aconteceu?". Você provavelmente descobrirá que a pessoa se atrasou por algo mundano, como o trânsito ou por ter perdido as chaves. As frases na primeira pessoa fazem com que você não pareça culpar a outra pessoa, evitando que ela fique na defensiva.
    • Lembre-se de processar as emoções e não tirar conclusões precipitadas para aprender a controlar suas reações.
  6. Descreva o que está sentindo detalhadamente. Tente associar sintomas físicos aos estados emocionais em que você normalmente os experimenta. Aprenda a identificar os sentimentos físicos e emocionais e você será capaz de descrever e entender melhor suas emoções.
    • Por exemplo, você pode sentir um frio na barriga em determinadas situações sem entender o que isso significa. Na próxima vez em que sentir isso, pense nos sentimentos que estão passando por sua cabeça. Essa sensação pode estar relacionada ao nervosismo ou à ansiedade.
    • Após identificar que o frio na barriga é decorrente da ansiedade, você se sentirá mais no controle da situação.
  7. Aprenda comportamentos de auto relaxamento para manter a calma quando estiver agitado. Essas são algumas técnicas que você pode colocar em prática para se confortar:
    • Tome um banho quente. Pesquisas demonstram que o calor físico possui um efeito relaxante em muitas pessoas.
    • Ouça músicas relaxantes. Segundo cientistas, ouvir determinados tipos de música pode ajudá-lo a relaxar. A Academia Britânica de Terapia Sonora montou uma lista de reprodução com músicas cujo relaxamento é cientificamente comprovado.
    • Tente se tocar de modo reconfortante para relaxar e diminuir o estresse através da liberação de oxitocina. Cruze os braços sobre o peito e aperte-os levemente ou coloque a mão sobre o coração para sentir o calor da pele, as batidas cardíacas e a elevação do peito decorrente da respiração. Pare e lembre-se de que você é belo e digno.
  8. Pratique aumentar sua tolerância quanto às incertezas e angústias. A tolerância emocional é a habilidade de enfrentar uma emoção desconfortável sem reagir a ela de modo inapropriado. Pratique isso familiarizando-se com suas emoções e expondo-se gradualmente a situações novas ou incertas em ambientes seguros.
    • Leve consigo um diário para anotar sempre que sentir incerteza, ansiedade ou medo. Anote também a situação em que se encontrava quando se sentiu assim e como respondeu a ela.
    • Categorize as incertezas. Tente separar as coisas que o deixam ansioso ou desconfortável em uma escala de 0 a 10. Por exemplo, "ir a um restaurante sozinho" pode ser um 4, mas "deixar um amigo planejar as férias" pode ser um 10.
    • Tente tolerar a incerteza. Comece com situações pequenas e seguras, como pedir um prato diferente em um restaurante novo. Você pode ou não gostar da refeição, mas isso não é importante. Você demonstrou ser forte o suficiente para encarar a incerteza por conta própria. Vá aumentando gradualmente as situações conforme se sente mais seguro com isso.
    • Ao experimentar algo incerto, registre o que ocorreu. O que você fez? Como se sentiu durante a experiência? Como se sentiu após a experiência? O que fez caso as coisas não tenham saído como o esperado? Você acredita ser capaz de enfrentar mais disso no futuro?
  9. Enfrente experiências desagradáveis de modo seguro. Um terapeuta pode ajudá-lo a enfrentar emoções desconfortáveis através de alguns exercícios. Essas são algumas coisas que você pode fazer por conta própria:
    • Segure um cubo de gelo até sentir que as emoções negativas foram embora. Foque-se na sensação física do gelo na mão e perceba como ela se torna menos intensa com o tempo. O mesmo vale para as emoções.
    • Visualize uma onda no oceano. Imagine-a crescendo até cair. Lembre-se de que, assim como as ondas, as emoções caem e recuam.
  10. Exercite-se regularmente. As atividades físicas podem reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão, pois liberam endorfinas, químicos produzidos pelo corpo para aumentar seu bem-estar. O Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos recomenda que você se exercite regularmente para reduzir sentimentos negativos.
    • Pesquisas demonstram que até mesmo exercícios moderados, como caminhada e jardinagem, podem surtir efeitos positivos.
  11. Mantenha uma agenda definida. Como a instabilidade é um dos principais problemas do TPL, possuir uma agenda regular para coisas como horários das refeições e de sono pode ser útil. As flutuações nos níveis de açúcar do sangue ou a falta de sono podem piorar os sintomas do TPL.
    • Caso tenha dificuldade de se lembrar de cuidar de si mesmo, como se esquecer de comer ou de deitar em um horário saudável, peça que alguém o lembre.
  12. Defina metas realistas, afinal, lidar com qualquer transtorno requer tempo e prática. Você não experimentará uma revolução completa em alguns dias, então não se desencoraje. Lembre-se de que você é capaz de dar o seu melhor e de que isso é mais do que suficiente.
    • Lembre-se de que os sintomas melhorarão gradualmente, não da noite para o dia.

Lidando com um ente querido que sofre de TPL

  1. Entenda que seus sentimentos são normais. Os amigos e familiares de pessoas que sofrem com o TPL muitas vezes se sentem sobrecarregados, divididos, exaustos ou traumatizados. Depressão, sensação de isolamento e sentimento de culpa também são comuns. Pode ser útil saber que esses sentimentos são comuns e que eles não o tornam uma má pessoa.
  2. Aprenda mais sobre o TPL. A pessoa afetada não tem "culpa" de nada, pois ela possui uma doença real e debilitante. Seu ente querido pode se envergonhar ou se culpar pelo próprio comportamento, por mais que ele seja incapaz de modificá-lo. Saber mais sobre a doença permitirá que você dê o melhor apoio possível para essa pessoa. Pesquise um pouco sobre o transtorno para saber como ajudar.
    • O site do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos possui diversas informações sobre a doença, mas está disponível apenas em inglês. Existem outras fontes nacionais, como a Associação Brasileira de Psiquiatria.<eff>http://www.abpcomunidade.org.br/site/?p=295 </ref>
    • Existem também diversos sites e blogs que podem ajudá-lo a entender o que é sofrer de TPL. Por exemplo, a página Família possui uma lista de coisas que você pode fazer para ajudar um familiar que sofra do transtorno. A página da Associação Brasileira de Psiquiatria também possui outros conselhos que podem ajudá-lo a apoiar um ente querido.<eff>http://www.abpcomunidade.org.br/site/?p=295 </ref>
  3. Encoraje a pessoa a fazer terapia. Entenda, entretanto, que esse é um tratamento lento e ao qual algumas pessoas não respondem muito bem.
    • Tente não abordar a pessoa com uma atitude julgadora. Por exemplo, dizer algo como "Você está me preocupando" não o ajudará em nada. Em vez disso, utilize frases na primeira pessoa para demonstrar carinho e interesse: "Eu estou preocupado com algumas coisas que tem feito" ou "Eu o amo e quero ajudá-lo a buscar ajuda".
    • As chances de a terapia fazer efeito aumentam caso a pessoa confie e se dê bem com o terapeuta. Apesar disso, o modo instável com o qual os afetados por TPL se relacionam com os outros pode dificultar a manutenção de um relacionamento saudável com o profissional.
    • Considere procurar uma sessão de terapia familiar. Alguns tratamentos para TPL incluem sessões de terapia com a pessoa e os entes queridos dela.
  4. Valide os sentimentos da pessoa. Mesmo se você for incapaz de entender o porquê dela se sentir assim, ofereça apoio e compaixão. Por exemplo, você pode dizer coisas como "Isso parece ser muito difícil" ou "Eu compreendo o porquê disso incomodá-lo".
    • Lembre-se: você não precisa concordar com a pessoa para demonstrar que a está ouvindo e que é compassivo. Tente estabelecer contato visual ao ouvi-la e utilize frases como "aham" ou "sim" conforme ela fala.
  5. Seja consistente. Como as pessoas que sofrem de TPL são muito inconsistentes, você precisa funcionar como uma "âncora". Se disser que estará em casa às 17h00, cumpra o prometido. Entretanto, não responda à ameaças, exigências ou manipulações. Garanta que suas ações sejam consistentes com suas próprias necessidades e valores.
    • Isso também significa que você deve manter limites saudáveis. Por exemplo, diga que se retirará caso a pessoa comece a gritar e cumpra o prometido.
    • É importante definir um plano de ação para quando a pessoa começar a se comportar de modo destrutivo ou ameaçar se ferir. Repasse o plano com ela e, possivelmente, com o terapeuta. Não importa o que vocês definirem, siga em frente com o combinado.
  6. Defina limites pessoais e reforce-os. Pode ser difícil conviver com pessoas que sofrem de TPL, pois elas são incapazes de controlar suas emoções de modo eficaz. Elas podem manipular os outros para satisfazer suas próprias necessidades e muitas vezes podem não estar cientes dos limites dos outros ou simplesmente serem incapazes de compreendê-los. Definir limites com base em suas próprias necessidades e níveis de conforto pode ajudá-lo a se manter seguro e calmo conforme interage com a pessoa.
    • Por exemplo, você pode dizer que não atenderá ao telefone após as 22h00, pois precisa dormir. Caso a pessoa ligue após essa hora, é importante reforçar os limites e não atendê-la. Se decidir atender, valide as emoções dela, mas lembre-a do limite: "Eu me importo com você e sei que está passando por uma situação difícil, mas são 23h30 e eu pedi para que não me ligasse após as 22h00. Isso é importante para mim. Ligue-me pela manhã, pois vou desligar agora. Tchau".
    • Caso ela o acuse de não se importar com ela, lembre-a do que foi combinado e ofereça uma hora para que ela retorne a ligação.
    • Você provavelmente precisará reforçar os limites muitas vezes até que a pessoa os compreenda de verdade. Ela provavelmente responderá a isso com raiva, mágoa ou outras reações intensas. Mantenha a calma e continue reforçando seus limites.
    • Lembre-se de que negar as coisas não o torna uma má pessoa. Você deve cuidar de sua saúde mental e física para cuidar corretamente de seu ente querido.
  7. Responda positivamente a comportamentos adequados. É muito importante reforçar esses comportamentos com reações positivas e elogios. Isso encorajará a pessoa a acreditar ser capaz de controlar as emoções e a se manter forte.
    • Por exemplo, caso ela comece a gritar com você e pare para pensar, agradeça. Reconheça o esforço dela e agradeça-a.
  8. Busque apoio. Cuidar e apoiar um ente querido com TPL pode ser exaustivo emocionalmente. É importante obter fontes de cuidado e apoio para encontrar o equilíbrio entre dar apoio emocional e definir limites pessoais.
    • Encontre grupos de apoio específicos para pessoas que convivem com portadores de TPL. Caso você more nos Estados Unidos, a Aliança Nacional de Doenças Mentais (NAMI) e a Aliança Nacional de Educação para o Transtorno de Personalidade Limítrofe (NEA-BPD) oferecem recursos para ajudá-lo a encontrar apoio próximo de você.
    • Também pode ser útil consultar um terapeuta ou psicólogo. Esses profissionais podem ajudá-lo a processar suas emoções e a aprender habilidades de enfrentamento saudáveis.
    • Caso você more nos Estados Unidos, a NAMI possui programas educacionais familiares chamados de "Family-to-Family" (de família para família, em tradução livre), onde famílias recebem apoios de outras famílias com situações semelhantes. Esse programa é gratuito.
    • As terapias familiares também podem ser úteis. Existem sessões de treinamento para ensinar os familiares a entender e lidar com as experiências pelas quais a pessoa está passando. Nelas, um terapeuta oferece suporte e treinamento de habilidades específicas para ajudá-lo a apoiar seu ente querido. As terapias de conexão familiar, entretanto, se focam nas necessidades separadas de cada um dos membros da família. Sua intenção é ajudar cada um a fortalecer suas habilidades, a desenvolver estratégias de enfrentamento e a promover um equilíbrio saudável entre suas necessidades e as da pessoa com TPL.
  9. Cuide de si mesmo. Pode ser fácil se envolver nos cuidados de um ente querido e esquecer-se de si mesmo. É importante se manter saudável e descansado. Caso você esteja com sono, ansioso ou tenha deixado de cuidar de si mesmo, é mais provável que você responda à pessoa com irritação ou raiva.
    • Exercite-se. Os exercícios aliviam as sensações de estresse e ansiedade. Eles também promovem uma sensação de bem-estar e são uma técnica de enfrentamento saudável.
    • Coma bem e em horários regulares. Opte por uma dieta balanceada que incorpore proteínas, carboidratos complexos, frutas e vegetais. Evite alimentos gordurosos e limite o consumo de cafeína e álcool.
    • Durma bem. Tente deitar e levantar na mesma hora todos os dias, mesmo nos fins de semana. Não faça outras coisas na cama, como mexer no computador ou assistir TV, e evite a cafeína antes de ir dormir.
    • Relaxe. Experimente meditação, ioga ou outra atividade relaxante como um banho de banheira ou uma caminhada na natureza. Ajudar alguém com TPL pode ser estressante, então é importante separar um tempo para cuidar de si mesmo.
  10. Leve ameaças de automutilação a sério. Mesmo que já tenha ouvido a pessoa ameaçar cometer suicídio ou se machucar antes, é importante levar todas as ameaças a sério. Cerca de 60% a 70% das pessoas com TPL tentarão cometer suicídio pelo menos uma vez na vida e cerca de 8% a 10% delas terá sucesso. Caso a pessoa ameace cometer suicídio, ligue para a emergência ou leve-a até um hospital próximo.
    • Você também pode ligar para o serviço Como Vai Você, cujos atendentes são treinados para lidar com esse tipo de situação, no número 141. Garanta que a pessoa tenha esse número gravado para utilizá-lo caso seja necessário.

Reconhecendo as características do transtorno de personalidade limítrofe

  1. Entenda como é feito o diagnóstico do TPL. Um profissional de saúde mental treinado utilizará os critérios definidos no DSM-5 para diagnosticar alguém com transtorno de personalidade limítrofe. O manual estipula que, para receber o diagnóstico, uma pessoa deve exibir cinco ou mais dos seguintes sintomas:
    • "Esforços frenéticos para evitar abandonos reais ou imaginários".
    • "Relacionamentos interpessoais intensos e instáveis, caracterizados pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização".
    • "Distúrbios de identidade".
    • "Impulsividade em pelo menos duas áreas que podem ser auto prejudiciais".
    • "Comportamento suicida recorrente, gestos, ameaças ou comportamento de auto mutilação."
    • "Instabilidade afetiva devido a uma reatividade notável de humor".
    • "Sentimentos crônicos de vazio".
    • "Raiva inapropriada, intensa ou difícil de controlar".
    • "Ideação paranoide transitória relacionada ao estresse ou à sintomas de dissociação severos".
    • Lembre-se de que você não é capaz de diagnosticar ninguém com TPL. As informações fornecidas nessa seção apenas devem ajudá-lo a determinar se você ou um ente querido pode sofrer disso.
  2. Fique atento a um medo intenso de abandono. Uma pessoa que sofre de TPL experimentará medo intenso e/ou raiva ao enfrentar o prospecto de uma separação. Ela pode exibir comportamento impulsivo, como automutilação ou ameaçar cometer suicídio.
    • Essa reação pode ocorrer mesmo se a separação for inevitável, planejada ou por tempo limitado (por exemplo, quando a outra pessoa precisa ir trabalhar).
    • Quem sofre com TPL normalmente tem muito medo da solidão e precisa de ajuda dos outros constantemente. A pessoa pode entrar em pânico ou ficar nervosa caso alguém saia por um momento ou se atrase.
  3. Pense na estabilidade dos relacionamentos interpessoais. Uma pessoa com TPL normalmente não possui relacionamentos estáveis por períodos significativos. Elas tendem a não aceitar as áreas "cinzas" nos outros e nelas mesmas, normalmente visualizando os relacionamentos como "tudo ou nada", onde a outra pessoa é perfeita ou maligna. As amizades e os relacionamentos amorosos de quem sofre de TPL normalmente são curtos.
    • As pessoas diagnosticadas normalmente idealizam os outros em relacionamentos, colocando-os em pedestais. Entretanto, caso a outra pessoa demonstre qualquer falha ou cometa um erro, ela será desvalorizada imediatamente na visão do parceiro.
    • Uma pessoa com TPL normalmente não aceita a responsabilidade pelos problemas no relacionamento. Ela pode dizer que o outro "não se importou o suficiente" ou não contribuiu o suficiente para a relação. Muitas pessoas veem isso como se quem sofresse de TPL possuísse emoções ou interações "rasas" com os outros.
  4. Leve a autoimagem da pessoa em consideração. As pessoas com TPL normalmente não possuem uma autoimagem estável. A sensação de identidade pessoal é bastante consistente para quem não sofre do transtorno: as pessoas têm uma ideia geral de quem são, do que valorizam e de como são vistas pelos outros. Quem sofre de TPL normalmente possui uma autoimagem instável ou perturbada que depende da situação e das pessoas com quem se está interagindo.
    • As pessoas com TPL podem basear as opiniões de si mesmas no que acreditam que os outros pensam delas. Por exemplo, caso alguém esteja atrasado para um encontro, a pessoa com TPL pode considerar isso um sinal de que é uma "má" pessoa e de que não merece ser amada.
    • Os afetados pelo TPL podem possuir metas ou valores que mudam dramaticamente e isso se estende para o modo com o qual elas tratam os outros. Alguém que sofre de transtorno pode ser gentil em um momento e cruel em outro, mesmo que esteja tratando com a mesma pessoa.
    • Essas pessoas podem experimentar sensações intensas de autodepreciação ou desvalorização, mesmo que os outros afirmem o contrário.
    • Quem sofre de TPL pode experimentar atração sexual flutuante. As chances de essas pessoas mudarem de orientação sexual mais de uma vez na vida são grandes.
    • A autoimagem dessas pessoas normalmente não se encaixa nas normas culturais vigentes. É importante levar essas normas em consideração ao definir o que é uma autoimagem "normal" ou "estável".
  5. Procure por sinais de impulsividade prejudicial. Muitas pessoas são impulsivas, mas quem sofre de TPL pode exibir um comportamento impulsivo e arriscado com regularidade. Isso pode representar uma ameaça séria ao bem-estar, à segurança e à saúde da pessoa. Esse comportamento pode ocorrer isoladamente ou decorrente de uma experiência passada. Alguns comportamentos de risco comuns incluem:
    • Comportamento sexual arriscado.
    • Direção imprudente ou sob efeitos de substâncias.
    • Abuso de substâncias.
    • Comer compulsivamente e outros transtornos alimentares.
    • Gastar compulsivamente.
    • Vício descontrolado.
  6. Considere a frequência dos pensamentos ou ações de automutilação ou suicídio. A automutilação e as ameaças de suicídio são comuns entre as pessoas que sofrem de TPL. Essas ações podem ocorrer isoladamente ou como reação a um abandono real ou percebido.
    • Exemplos de automutilação incluem cortes, queimaduras e arranhões na pele.
    • Gestos suicidas podem incluir ações como pegar um frasco de remédios e ameaçar tomá-lo inteiro.
    • As ameaças e tentativas de suicídio algumas vezes são utilizadas para convencer os outros a fazer o que a pessoa quer.
    • Os afetados pelo TPL podem estar cientes dos riscos ou perigos de suas ações, mas se sentirem incapazes de mudar de comportamento.
    • Cerca de 60% a 70% dos diagnosticados com TPL tentarão cometer suicídio em algum ponto da vida.
  7. Observe o humor da pessoa. Quem possui esse transtorno normalmente sofre de alterações de humor. Essas alterações podem ser constantes e mais intensas do que o considerado normal.
    • Por exemplo, a pessoa pode estar feliz em um momento e começar a chorar logo em seguida. Essas alterações de humor podem durar horas ou minutos.
    • O desespero, a ansiedade e a irritabilidade são muito comuns entre pessoas com TPL e são sensações que podem ser ativadas por eventos ou ações consideradas insignificantes pelos outros. Por exemplo, caso o terapeuta diga que a sessão está quase acabando, a pessoa pode reagir sentindo-se intensamente desesperada ou abandonada.
  8. Veja se a pessoa parece entediada com frequência. Quem sofre de TPL normalmente parece sentir-se "vazio" ou extremamente entediado. Grande parte dos comportamentos de risco ou impulsivos pode ser uma reação a isso. De acordo com o DSM-5, uma pessoa diagnosticada com TPL pode buscar constantemente novas fontes de estímulo e excitação.
    • Em alguns casos, isso também pode estender-se para os sentimentos quanto aos outros. Uma pessoa com TPL pode ficar entediada em uma amizade ou relacionamento rapidamente e procurar outra companhia.
    • Quem sofre de TPL pode até mesmo temer não existir ou não estar no mesmo mundo que os outros.
  9. Fique atento quanto a exibições frequentes de raiva. Uma pessoa com TPL provavelmente demonstrará raiva com maior frequência e intensidade do que o considerado apropriado em sua cultura. Ela normalmente terá dificuldade para controlar essa raiva, que geralmente surge como reação à percepção de que um amigo ou familiar está sendo insensível ou negligente.
    • A raiva pode se apresentar na forma de sarcasmo, amargura, xingamentos e acessos de fúria.
    • A raiva pode ser a reação padrão da pessoa, mesmo em situações onde outras emoções poderiam ser mais apropriadas, ou lógicas, para os outros. Por exemplo, ao vencer um evento esportivo, a pessoa pode focar-se com raiva no comportamento do competidor em vez de aproveitar a vitória.
    • Essa raiva pode transformar-se em violência física ou em brigas.
  10. Fique de olho na paranoia. Uma pessoa com TPL pode apresentar pensamentos paranoides passageiros, mas recorrentes, induzidos pelo estresse. Essa paranoia normalmente está relacionada às intenções e aos comportamentos dos outros.
    • Por exemplo, ao ouvir que possui um problema médico, a pessoa pode ficar paranoica acreditando que o médico está tentando enganá-la.
    • A dissociação é outra tendência comum entre pessoas com TPL. Ao experimentar pensamentos dissociativos, a pessoa pode acreditar que o mundo ao redor não é real.

Dicas

  • Continue apoiando e se fazendo presente na vida da pessoa o quanto for possível.
  • Tire um tempo para cuidar de si mesmo, não importa se você possui TPL ou está ajudando alguém diagnosticado.
  • Medicamentos não podem "curar" o TPL, mas um profissional de saúde pode determinar que remédios suplementares podem ajudar a reduzir sintomas de depressão, ansiedade ou agressividade.
  • Lembre-se de que o TPL não é sua "culpa" e não o torna uma "má" pessoa. Trata-se de um transtorno tratável.

Avisos

  • Sempre leve ameaças de automutilação e suicídio a sério. Caso um ente querido expresse planos de se mutilar ou cometer suicídio, ligue para a emergência ou para a linha de prevenção de suicídios do Como Vai Você no número 141.
Теги:
Information
Users of Guests are not allowed to comment this publication.